por Gennaro Moretti
Em uma democracia, “oposição” é como nos referimos ao grupo político que não foi sufragado pelas urnas. Hoje, vive-se no Brasil uma situação atípica, ainda que legitimada por instâncias superiores do poder judiciário.
O papel da oposição é de suma importância para a manutenção do equilíbrio entre as forças populares e as entidades políticas que as representam. Causa-me estranheza e preocupação, porém, quando a oposição se manifesta em conduta destrutiva e incondicional: “se hay govierno, soy contra”.
Em meu entender, a premissa mais nobre da democracia está no respeito às diferenças, previsto aí o ato de acatar a preferência da maioria, buscando formas fecundas de convivência para o relativo equilíbrio entre os anseios majoritários e minoritários, até os limites aceitáveis pelas partes envolvidas.
Não se pode conceber que personalidades públicas tenham condutas que afrontem e prejudiquem o interesse público em benefício de um partido ou de um grupo, seja ele de situação ou de oposição.
Em qualquer ambiente civilizado, fazer oposição de forma irracional, guiada pelo fanatismo, não passa de uma postura antiética, imoral e até criminosa. No entanto, isto ocorre frequentemente e com surpreendente tolerância, sobretudo no meio político.
Uma oposição digna e patriótica é aquela que, sem abdicar de suas crenças fundamentais, coopera com os partidos dominantes para o aperfeiçoamento dos poderes constituídos e em favor da sociedade.
Naturalmente, deve haver reciprocidade por parte de quem representa a vontade da maioria, de maneira a ouvir, respeitar e congregar as forças minoritárias, desde que por meios legítimos e não por alianças à moda “toma lá, dá cá” – mercantilista de um lado e mercenária de outro.
Essas condutas são as únicas aceitáveis e esperadas da parte de qualquer partido político, seja ele protagonista ou coadjuvante, ou não haverá nem sequer justificativa para a sua existência.
A oposição é uma forma de refino, de ajuste da qualidade, de aperfeiçoamento dos mecanismos que ditam o funcionamento da sociedade. Ao contrário, em nossa história recente, as coligações de oposição não têm feito mais do que impor barreiras, promover represálias e boicotes que, ao final, só se traduzem em prejuízo para a população.
Entre tantas transformações necessárias, é prioritária a reforma do pensamento e da conduta, tanto da classe política, como da própria sociedade – a consciência de que os interesses do país estão acima das querelas ideológicas e partidárias é o insumo vital para o avanço das conquistas e do bem estar do cidadão de todas as classes sociais.
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